E num piscar de olhos só restava a cicatriz. Diferente das
outras essa era pequena aos olhos de quem observava, era simples, sem contorno
nem formato interessante. Ela se escondia dentro de um colo e a frente de um
maltratado coração. Mas era profunda, tanto que tenho certeza que não
enxergaria seu fim. E só quem a conhecera muito, muito bem, saberia do seu
tamanho e que tudo ali estava a doer por baixo daquela que parecia apenas mais
uma singela casca. Era isso que a fazia ser tão linda e causar tanto orgulho e
saudade; a sua história! Ninguém poderia imaginar que ela havia sido findada no
auge do maior amor que aquelas almas sonhavam conhecer, em meio a tantos sonhos
e planos, forjada de sorrisos e por tanta felicidade! Que com certeza era TUDO naquele
momento, bem melhor que o alimento e mais precioso do que o próprio ar. Entretanto
o tempo de tormenta não tardou a chegar, a tempestade e o frio devastaram tudo o
que era frágil, tudo o que não podia ser concertado. As fraquezas não eram maiores
que aquele sentimento infindo por si só, mas como um alicerce quebrando tudo se
feriu e de uma queda ou de um devaneio (como queira chamar), mais um amor
cumpriu sua profecia de por ser tão grande ter que ser triste. E então veio a
dor, só dor, dor na alma, dor na pele, dor de saudade. Dor que se alastrou,
talvez para que nunca possam se esquecer, se é que isso fosse possível um dia. Haviam
duas vidas e uma alma e num piscar de olhos restaram duas almas sem vidas e uma
bela e dolorosa cicatriz.
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