sábado, 1 de setembro de 2012

História de uma cicatriz




E num piscar de olhos só restava a cicatriz. Diferente das outras essa era pequena aos olhos de quem observava, era simples, sem contorno nem formato interessante. Ela se escondia dentro de um colo e a frente de um maltratado coração. Mas era profunda, tanto que tenho certeza que não enxergaria seu fim. E só quem a conhecera muito, muito bem, saberia do seu tamanho e que tudo ali estava a doer por baixo daquela que parecia apenas mais uma singela casca. Era isso que a fazia ser tão linda e causar tanto orgulho e saudade; a sua história! Ninguém poderia imaginar que ela havia sido findada no auge do maior amor que aquelas almas sonhavam conhecer, em meio a tantos sonhos e planos, forjada de sorrisos e por tanta felicidade! Que com certeza era TUDO naquele momento, bem melhor que o alimento e mais precioso do que o próprio ar. Entretanto o tempo de tormenta não tardou a chegar, a tempestade e o frio devastaram tudo o que era frágil, tudo o que não podia ser concertado. As fraquezas não eram maiores que aquele sentimento infindo por si só, mas como um alicerce quebrando tudo se feriu e de uma queda ou de um devaneio (como queira chamar), mais um amor cumpriu sua profecia de por ser tão grande ter que ser triste. E então veio a dor, só dor, dor na alma, dor na pele, dor de saudade. Dor que se alastrou, talvez para que nunca possam se esquecer, se é que isso fosse possível um dia. Haviam duas vidas e uma alma e num piscar de olhos restaram duas almas sem vidas e uma bela e dolorosa cicatriz. 

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