domingo, 12 de maio de 2013

Aquela menina






E por ser tão profunda ela escolheu se jogar todos os dias daquela mesma pedra, sem lembrar ao menos dos machucões que levaria nas carnes, só pra ter de subir novamente e se rever por aqueles caminhos que ela mesma traçara pra trilhar. E por ser tão livre ela invejava os passarinhos e os recriava dentro de si como se eles fossem fragmentos de sua alma, alma que era alimentada de desejos e vontades incontroláveis e a cada segundo cobiçava mais espaço pro seu mundo. E mesmo sendo tão infantil ainda usava o velho vestido que a cobria de flores coloridas, causando inveja ao mais lindo lírio do campo que sempre acabava banhando-a naquele aroma silvestre junto com a brisa que embaralhava-lhe os cabelos por diversão. E por ainda assim ser sempre apaixonada ela passava horas de olhos fechados amando e re-amando suas lembranças e as memórias que tinham aquele doce salgado sabor de azedo. E por conseguir sonhar tão alto sentia orgulho de si por conseguir nutrir sempre sua imaginação, além de toda e qualquer lógica findada pelo homem. E apesar de não se achar sentimental ela conseguia ficar ainda mais feliz ao sentir o calor do sol, ou apenas chorava de rir quando saia correndo para dançar na sempre esperada chuva.  E apesar dela ser tão clara e radiante nas situações de calor e frio, um dia já não pôde mais iluminar e se entregou em silencio ao escuro.  E mesmo todos achando que nela havia só brilho ela já chorou e temeu diante da perda, e até da saudade. E se de alguma forma a insegurança conseguiu a preocupar ela cantou alto, tão alto que não conseguiu mais ouvir seus próprios pensamentos. Mas se um dia a força não conseguir mais brotar dos seus olhos, se as lágrimas que cerrarem derramem ódio em sua face, se a coragem se esconder em si por algum receio ou se o silencio falar mais alto do que o amor em seu coração, ele não será mais o mesmo, e a menina terá trocado de nome, pois não mais vai ser aquela luz que atrai sorrisos e irradia força e liberdade. A menina já não vai mais ser aquela que nunca temeu cair nem errar a estrada, porque sabia que sempre conseguiria colher flores ou plantar sementes ao se levantar ou voltar no caminho. A menina terá perdido ou se perdido na sua própria imensidão de insanidade, pois só ela mesma conseguiria destruir-se um dia. Ou reconstruir-se, pois mesmo sendo sempre ela mesma, ela nunca será a mesma.

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